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Mostrando postagens de julho, 2020

Ética, Moral e Justiça

O esporte mais popular do planeta já foi usado para explicar o Brasil, o mundo, e é um espelho do indivíduo e da sociedade humana. Por isso mesmo, e guardadas as devidas proporções, é muito útil para estimular reflexões sobre um tema milenar: como deve agir o homem justo? Em “Ética a Nicômaco”, Aristóteles já identificava que, apesar de não haver uma noção unívoca de Justiça, ela sempre apresenta duas faces: é justo o homem que age conforme a lei, e é justo o homem que não é parcial, no sentido de que não toma mais do que lhe é devido. Seja para fazer leis ou basear certas escolhas, quando lhe é dado escolher, o ser humano pode se socorrer da razão, da emoção, e muitas vezes embaralha as duas coisas. Quando essas leis e escolhas dizem respeito ao comportamento humano, o conjunto delas é representativo da moral vigente nalgum tempo e lugar, na medida em que a moral é dada pelos valores e posturas aceitos pela sociedade, influencia e é influenciada pela ação humana. Certos mandamen...

Uma aula inesquecível

Foi numa aula do Professor Luiz Barco que incorporei ao meu  vocabulário a palavra “falácia”.  Muitos usam como sinônimo de “mentira”, mas, a falácia é na verdade uma enganação lógica, que até pode embutir uma mentira, uma falsa premissa, mas também pode ser formada por enunciados verdadeiros acompanhados de uma conclusão falsa, ou ainda resultar numa conclusão acidentalmente verdadeira, posto que não decorre das premissas formuladas. Examinemos um silogismo clássico:   Todo homem é mortal Eu sou homem Logo, eu sou mortal   Em cima dessa estrutura, podemos extrair conclusões falsas usando premissas verdadeiras:   Todo cavalo é mortal. Eu sou mortal. Logo, eu sou cavalo.   Todo cavalo é mortal. Eu não sou cavalo. Logo, eu não sou mortal.   Os argumentos acima são evidentemente falaciosos, decorrentes da distorção do sentido de “todo cavalo é mortal” pela equiparação da qualidade ao objeto, como se fossem sinônimos, ou como se houvesse uma necessária exc...

Reclame Aqui

Conversa de elevador. Era assim que se costumava chamar aquele papo furado que a gente puxa com desconhecidos. “Será que vai chover” e outras especulações sobre o tempo foram clássicos do gênero. Na última década a conversa de elevador ganhou outros tons. O “tá frio hoje, né?” deu lugar ao “mas e o Lula, hein?”. Nos mais elevados ascensores, aquela xingadinha no PT ou uma piadinha sobre a Dilma era tiro certeiro para conseguir a aprovação do passageiro ao lado. Não dá para dizer que não houvesse motivo. Para ficar em um só, as cifras que brotaram da Operação Lava-Jato falam por si. Em tempos mais recentes, novos vilões passaram a dividir espaço com os políticos no sobe-e-desce dos indignados. Os ministros do STF. A imensa capacidade dos políticos brasileiros de se enrolar em tramas criminosas, aliada à sua incapacidade de se resolver de forma decente na arena política, levaram o Judiciário e, principalmente, o Supremo Tribunal Federal, a um protagonismo exagerado e indesejável ...