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Mostrando postagens de abril, 2021

Memória de 1983

É difícil lembrar das coisas que acontecem em nossos primeiros anos de vida. Pulemo-los, pois, vamos a 1983. Lembranças desse ano até que não são poucas, mas quase todas esparsas, diluídas. Um casamento, um furto, um desmaio. Um acidente e uma carona para o hospital. Mamãe grávida e uma revista na qual “escolhi” minha irmã. Recordo também de uma revista de roupas para casamento e de uma imensa vontade de usar terno e gravata, que me acompanharia por alguns anos, não muitos. Lembro de correr em algum hall de elevador sentindo que estava voando. E de uma mulher amarrar um lenço no meu pescoço e dizer que era a capa do Superman. Foi pensando que era o Superman que eu fiquei pulando de mesa em mesa na escolinha. Eu estava sozinho e mamãe estava no hospital, dando à luz minha irmã. Num dado momento, lembro do piso de taco correndo velozmente sob minha vista, e de sentir um gosto salgado na boca. Com um enorme galo na cabeça fui apresentado à recém nascida, naquele mesmo dia. Mas d...

Haroldo vai à praia

 - Benhê... - Fala Haroldo... - Já peguei a chave do apê com o mano. Amanhã a gente desce para a praia. - Praia Haroldo? Mas vai chover o fim de semana inteiro! - Quem falou? Não vai me dizer que viu na TV, né? - Vi sim, mas se você não acredita olha esse site aqui. - Climatempolixo. - Bom Haroldo, já vi que não adianta insistir. Vou arrumar a mala. Pega nossa tralha, mas não esquece o baralho... . . . - Viu só, bem? Viemos rapidinho, quase ninguém na estrada, mais vinte minutos e estamos lá. - É... só você é esperto né Haroldo? - Lá vem você com suas ironias... se chover é culpa sua, que fica torcendo contra. - “Se” chover? Olha aí Haroldo, liga o limpador. - São só umas gotinhas... - Gotinhas? Liga isso Haroldo, já não dá para ver direito. - Essa é sua opinião, respeite a minha. - Haroldo, liga logo, não dá para ver nada! Haroldo, onde você está indo? Haroldo! Haroldoooooo!

Manda quem pode, obedece quem tem juízo

Em sua coluna de estreia no jornal “El Pais”, no último dia 31, o neurocientista Miguel Nicolelis defendeu, de modo enfático e eloquente, a adoção de um “lockdown” nacional por 30 dias, com medidas rígidas e ainda inéditas no Brasil. Considerada a postura do Governo Federal, é improvável que isso aconteça, mas não se descarta uma ampliação das restrições por parte de prefeitos e governadores. Ainda que, no mais das vezes, as medidas restritivas já adotadas por prefeitos e governadores não tenham chegado ao nível dos “lockdowns” que ocorreram ou ainda ocorrem em outros países, nota-se forte resistência a elas e, diante do inconformismo ou desobediência, a última palavra cabe ao Judiciário. Se na primeira e segunda instâncias há decisões para todos os gostos, o Supremo Tribunal Federal tende a prestigiar as medidas restritivas, embora os casos julgados até agora estejam mais assentados em razões de legitimidade e competência do que no mérito desta ou daquela medida em particular. ...