Postagens

Mostrando postagens de junho, 2023

Frases de Rui (14): o discurso e a prática; a força e o Direito

Os povos hão de ser governados pela força, ou pelo direito.   Será efusivamente aplaudido qualquer discurso em que se defenda que as ideias devem prevalecer sobre as paixões, que as instituições estão acima dos indivíduos que as ocupam e que nenhuma vontade pode ser mais forte do que a Lei. Quem ousar colocá-lo em prática, porém, pode se ver em sérios apuros. Rui Barbosa foi à tribuna do Senado, em 03 de julho de 1891, para defender que, por impulso do próprio Senado, se providenciassem as eleições para preencher a vaga, em especial, do senador Floriano Peixoto, recém-eleito vice-presidente da República. A constituição da época – tal qual a dos Estados Unidos da América - previa que a presidência do Senado cabia ao vice-presidente da República, de modo que a representação dos estados se mantivesse sempre equânime. Embora parecesse claro o impedimento para se acumularem as funções de vice-presidente e senador, a situação era nova e havia alguma divergência sobre como se ...

Frases de Rui (13): vítimas e vítimas

Imagem
  Um crime não se repara com outros.   Aos 15 de julho de 1889, um tiro disparado contra a carruagem do imperador D. Pedro II trouxe algum alvoroço ao já conturbado ambiente político da época. Ileso, o Imperador evitou fazer uso político do episódio, “foi apenas um tiro de louco”, teria dito. Todavia, não faltaram oportunistas tentando ligar o atirador – preso pouco depois - ao movimento republicano, mesmo sem qualquer evidência além do fato de que o rapaz, um imigrante português, parecia ser mesmo favorável à República. Quintino Bocaiúva correu às páginas d´O Paiz para escrever o óbvio: o maior prejudicado pelo atentado era – e seria ainda mais se o tiro fosse certeiro - o próprio movimento republicano. Os atentados políticos têm disso: a vítima mediata, muitas vezes, está do lado oposto ao da vítima imediata. Aconteceu com Carlos Lacerda, com Jair Bolsonaro, e talvez houvesse ocorrido com Pedro II, se a comoção fosse suficiente para tornar inevitável a iminen...