Frases de Rui (13): vítimas e vítimas
Um crime não se repara com outros.
Aos 15 de julho de 1889, um tiro disparado contra a carruagem do
imperador D. Pedro II trouxe algum alvoroço ao já conturbado ambiente político
da época.
Ileso, o Imperador evitou fazer uso político do episódio, “foi apenas um
tiro de louco”, teria dito.
Todavia, não faltaram oportunistas tentando ligar o atirador – preso pouco
depois - ao movimento republicano, mesmo sem qualquer evidência além do fato de
que o rapaz, um imigrante português, parecia ser mesmo favorável à República.
Quintino Bocaiúva correu às páginas d´O Paiz para escrever o óbvio: o maior
prejudicado pelo atentado era – e seria ainda mais se o tiro fosse certeiro - o
próprio movimento republicano.
Os atentados políticos têm
disso: a vítima mediata, muitas vezes, está do lado oposto ao da vítima
imediata.
Aconteceu com Carlos Lacerda,
com Jair Bolsonaro, e talvez houvesse ocorrido com Pedro II, se a comoção fosse
suficiente para tornar inevitável a iminente coroação de Isabel.
Atento, Rui Barbosa ressaltou
a gravidade das conclusões precipitadas e a baixeza da exploração política do
que parecia mesmo ser um ato de loucura:
Ou será que estaríamos hoje assistindo à guerra política entre o Conde de Murici e o Barão de São Sebastião das Alagoas?
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