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Mostrando postagens de agosto, 2022

Memória de 1988

Com a cabeça enfiada sob o capô aberto, meu pai ia me explicando o que era e para que servia cada parte do motor CHT que equipava o nosso Ford Escort verde musgo. Nalgum momento, as explicações devem ter me parecido um tanto cansativas, pois o abandonei lidando com o motor e comecei a circular pela garagem, que ficava no térreo do prédio onde morávamos. Entre os paralelepípedos, encontrei uma daquelas pedrinhas de argila expandida que se usava nas floreiras do edifício. Guiado pela lógica conveniente das crianças de oito anos, concluí que a dita cuja devia ter caído da floreira do quarto do André, meu amigo morador do primeiro andar, e que seria meu dever restituí-la ao seu devido lugar.   E assim, resolutamente lancei a pequena esfera na direção da floreira do André, mas a danada não atingiu a altura necessária. Duas, três, quatro tentativas, não sei quantas vezes tentei até que o tinhoso objeto tomasse uma trajetória inesperada e atingisse a janela basculante da residência ...