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Mostrando postagens de novembro, 2021

Memória de 1985

- Pai, quantos anos você tem? - Trinta e nove. - Já está na hora de morrer? Ele riu. Estava na cara que aquela criança ainda tinha muito o que aprender, e não era para menos, pois éramos recém apresentados, eu e a morte. Nos desenhos animados as personagens são atropeladas e esmagadas por bigornas, mas o máximo que lhes acontece é ficarem achatadas, ou finas como uma folha de papel. Mas aí morreu o Neves, um tal de “Tranquedo”. Lembro de ficarmos na janela da área de serviço para tentar ver o cortejo passar rumo ao Aeroporto de Congonhas, ou talvez o embarque no avião. Muitas páginas na revista Manchete e uma overdose de “Coração de Estudante” na televisão. Algum tempo depois desse diálogo, faleceu meu avô Lourenço. Foi o primeiro dos meus avós a falecer, e dele vivo lembro apenas de ir pedir “bença” antes de dormir e de uma conversa entre ele e o meu pai, sentados na sala da casa em Ourinhos. Negócio de alqueire, sei lá. Convivemos muito pouco. Naquele dia, indo para Our...