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Mostrando postagens de junho, 2022

Câmeras, para que te quero?

  Um dos temas que promete controvérsias entre os candidatos ao governo do Estado de São Paulo neste ano é o das câmeras nas fardas da Polícia Militar. Muitos já não se lembram, mas uma câmera oculta já provocou importantes discussões sobre a atuação da PM no Estado. Há exatos 25 anos, a juíza da 3ª Vara Criminal do Foro de Diadema, Maria da Conceição Pinto Vendeiro, divulgava a sentença de pronúncia dos policiais militares envolvidos na morte de Mário José Josino, vítima fatal de uma rotina de espancamentos e tortura praticada por um grupo de PMs na cidade do Grande ABC. Essa história é narrada pelo promotor José Carlos Blat e o jornalista Sérgio Saraiva no livro “O Caso da Favela Naval – Polícia contra o Povo” (Contexto, 2000). Promotor do caso, Blat acredita que o destino do inquérito seria um silencioso arquivamento se não houvessem explodido na imprensa imagens da truculência policial em bloqueios na rua que cortava a Favela Naval, inclusive do episódio que vitimou Josin...

A galinha dos ovos de ouro

Após anos de privações, um casal de camponeses recebeu mágico presente: uma galinha que punha ovos de ouro. Tudo o que eles precisavam fazer era cuidar da bichinha, que a cada semana lhes recompensava com um sólido do nobre metal. Mas o tempo foi passando, a família foi aumentando, e o ouro da galinha já não era suficiente para atender aos desejos de todos. Um grupo de familiares defendeu manter a galinha fechada, para que ela não gastasse energia pastando pelo terreiro.   Sob o protesto de alguns, assim foi feito. - Olha lá, a galinha está viva e agora bota dois ovos por semana! Sem ouvir os alertas de que isso poderia fazer mal à fantástica ave, passaram a deixar a luz acesa, impedir o seu sono. Injetaram-lhe hormônios. Os ovos vinham, mas nunca eram bastante. A galinha já não andava e não cacarejava. Perdia penas, mas ainda botava os ovos. Um dos herdeiros teve a ideia de antecipar os recebíveis da galinha. - Eu topo, mas quero a galinha como garantia - disse o ban...

Sem egoísmo

A questão da fome no Brasil foi motivo para a criação de diversas campanhas de distribuição de alimentos, cuja validade para resolver o problema foi amplamente questionada. Partindo da frase “dar o peixe ou ensinar a pescar”, logo de início parece óbvio que “ensinar a pescar” é a solução, já que deixa os homens independentes da caridade alheia. Seguir este pensamento é muito melhor. Pois é cômodo. Uma pessoa um pouco mais atenta logo vê os empecilhos. O Brasil tem uma lista incontável de deficiências, que afetam todos os setores da economia e da sociedade. Restringindo nosso raciocínio do peixe à educação: tem uma criança condição de estudar se muitas vezes ela tem uma alimentação inferior à de um cachorro de apartamento? E depois, educar as crianças não vai aumentar o mercado de trabalho. Essa história de ensinar a pescar pode valer para um trabalhador rural, que saiba cultivar a terra e que tenha acesso à mesma. Mas o que pode ser dito em relação aos miseráveis que sobrevivem n...