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Mostrando postagens de junho, 2020

A Política é a solução

O esvaziamento da arena política como palco central na definição dos rumos do País é uma preocupação constantemente expressa em artigos dos mais variados autores, e sob as mais diversas abordagens. No fim das contas, a mensagem que fica não poderia ser outra: a política não é o problema, a política é a solução, na medida em que é a única forma civilizada de que dispõe a sociedade para resolver os seus problemas. Não se trata aqui de “velha política” ou “nova política”, mas apenas de voltar a entender a política como aquilo que realmente ela é, e deixar de defini-la apenas pelos vícios que se apresentam no processo político, que são, na verdade, vícios sociais que atingem todo o ambiente em que a política se encontra imersa e ao qual não está imune. A corrupção, por exemplo, não é um vício intrínseco e necessário da política, mas um vício que atinge, em maior ou menor grau, toda a sociedade. Apesar disso, a grande visibilidade da corrupção no meio político permitiu a criação de uma fals...

O fim do diálogo

Algumas palavras, acho até que a maioria delas, têm mais de um significado. “Fim”, por exemplo, pode ter o sentido de finalidade ou de término, para ficar em apenas dois. E “diálogo” pode representar tanto uma conversação qualquer como a procura por um entendimento, que é o que interessa aqui. Quando se diz que duas partes, ainda que adversárias, estabelecem um diálogo, entende-se que trocarão informações entre si com a finalidade de solucionar determinada questão, de forma consensual ou, ao menos, consentida, sem que haja uma sobreposição forçada da vontade de uma pela outra. O fim do diálogo é, em última análise, evitar a violência. E não há diálogo sem comunicação. Simplificando ao máximo, a comunicação ocorre quando o emissor faz chegar ao receptor uma mensagem, que será tão melhor compreendida quanto maior for a correspondência entre os significados atribuídos por cada uma das partes ao conteúdo da mensagem. Isso não implica que as partes devam concordar quanto ao signif...

Resistência Analógica

Lá se vão vinte e dois anos desde que, junto com outros estudantes de Jornalismo, me debrucei sobre a questão do analógico e do digital. Era um trabalho para a disciplina de Teoria da Comunicação e o curto texto que produzimos não abordava o tema em seu mero aspecto formal ou tecnológico, mas se voltava à produção e compreensão de significados. A analogia – sim – não poderia ser mais óbvia, e fomos buscá-la no relógio. O relógio analógico é um sistema referencial. As horas são lidas dentro de um formato conhecido, estabelecido e limitado. Depois de se familiarizar com o seu funcionamento, basta bater o olho nos ponteiros para se saber que horas são, quanto tempo se passou ou falta passar para se encerrar o dia, podendo o mecanismo adotar os mais variados formatos, desde que sejam mantidas as suas mais básicas referências. Já o relógio digital simplesmente diz que horas são, o que, para quem tem em mente as referências de tempo, não faz lá tanta diferença, pois opera-se uma im...